Com tecnologia do Blogger.

Travestismo e Androginia I

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Percorrendo a videografia dos anos 80, são muitas as obras que devem ser relembradas, pelo papel que desempenharam na revolução cultural iniciada por tão importante medium: o videoclip. Um desses exemplos é Love Is a Stranger, dos Eurythmics.

Embora já tivessem lançado 4 singles, é aqui que a dupla Annie Lennox / Dave Stewart vem afirmar a sua identidade artística, muito devido ao notável videoclip, realizado por Mike Brady.

Nele, testemunhamos a dimensão dramática e interpretativa de Annie Lennox, que se desdobra em diversos alter-egos: da prostituta de luxo à dominatriz, do man in a suit ao cyborgue. O mesmo corpo assume papéis distintos, num exercício psicológico e estilístico sobre identidade e género. O travestismo e a androginia assumem-se como elementos centrais de uma estética que chocava contra os limites do mainstream da época - corria o ano de 1983.

Com Love Is A Stranger e o histórico sucessor, Sweet Dreams (Are Made Of This), Annie Lennox colocava-se entre as primeiras mulheres no mundo da Música a questionar - e a redefinir - a imagem do Feminino na cultura pop. O vídeo chegou mesmo a causar controvérsia nos Estados Unidos: muitas pessoas confundiam-na com um travesti masculino...

Será igualmente interessante observar a performance de Lennox para a BBC, que descobri recentemente e que dá continuidade a este exercício de exploração da identidade.



Read more...

Álbum | "Lamb", Lamb

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lamb
Lamb
1996
Mercury / Universal
_______________


Vieram ter comigo na mesma onda sonora que os Massive Attack e os Portishead. Lembro-me de ouvir Lusty - faixa de abertura do álbum de estreia dos Lamb - na X e sentir-me incrivelmente atraído por uma linguagem tão inovadora e inteligente.

.


Tinha que saber a quem pertencia aquele som. Assim que apanhei o nome, voei até à (já extinta) Virgin Megastore dos Restauradores - onde, pela primeira vez em Lisboa, podíamos ouvir os CDs sem ter de os comprar. E quando ouvi Lamb, descobri todo um admirável mundo novo.



Aqui, a dupla de Manchester conseguiu elevar o trip hop a uma dimensão de Beleza sem precedentes. E tudo estava em sintonia: a força agressiva e fria das batidas drum n' bass, o quente dos sons jazzísticos, a entrega emocional das letras, o corpo orgânico do violino, do contrabaixo, da voz inconfundível de Louise Rhodes.

.



«An appreciation of contradiction», afirmam Rhodes e Barlow no artwork do álbum. E é isso mesmo. Do recolhimento (Feela) à expansão (God Bless), do minimal (Cotton Wool) ao majestoso (Górecki), tudo é arrebatador.

Não hesitei por um segundo e trouxe o álbum para casa. Logo adquiriu o estatuto de Um Dos Meus Álbums Favoritos de Sempre. E continuará sempre a sê-lo.

Read more...

O nascimento do Trip Hop (II)

sábado, 21 de agosto de 2010

Junho de 1994. Num artigo da revista britânica Mixmag, Andy Pemberton descrevia o single In/Flux de DJ Shadow (1993) como uma combinação de bpms, samples de spoken word, cordas, melodias, ruídos bizarros, um baixo proeminente e batidas lentas, dando ao ouvinte a impressão de estar a experienciar uma trip musical.

E aqui nascia o termo trip hop, designador do movimento nascido em meados dos anos 90, na cidade de Bristol, Inglaterra.
.

DJ Shadow

Fusão será, certamente, um conceito que ajuda a entender a origem do Trip Hop. Raro será o género musical que não derive da fusão ou evolução de géneros anteriores; o Trip Hop conta-se entre os exemplos mais expressivos - e interessantes - de miscigenação sonora, na era Pós-Moderna.

Na alvorada dos 90, enquanto a Europa vivia a euforia do Hip Hop, do House e do Acid Jazz, a cena underground de Bristol manifestava um sentimento de insatisfação face a estas correntes. Certas mentes criativas começaram então a experimentar as novas sonoridades que emergiam da Electronica, misturando-as com batidas Hip Hop, samples de Jazz e vocalizações inspiradas na Soul.


O resultado era algo absolutamente novo: distante da dureza do Hip Hop ou da superficialidade do House, a sonoridade Trip Hop era emocional, instrospectiva, atmosférica, umas vezes dark, outras vezes etérea. Era a resposta musical de uma nova geração que, entre a club scene nocturna e a aridez urbana, procurava uma âncora existencial.

Nomes como Massive Attack (reza a lenda que o álbum Blue Lines, de 1991, foi a primeira manifestação do novo género), Portishead, Tricky, DJ Shadow, U.N.K.L.E. e editoras como a Mo'Wax emergiam no panorama, para dar forma e solidez a um movimento que acabaria por conquistar "imensas minorias" e manter-se vivo, até aos dias de hoje.

Fontes: Wikipedia, AllMusic

Read more...

O nascimento do Trip Hop (I)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Se há género musical que me conquistou num abrir e fechar de olhos, depois da Pop e da House, esse é o Trip Hop.

Corria o ano de 1995, eu terminava o liceu e acabava de descobrir uma estação de rádio que me abria as portas para um Admirável Mundo Novo: a Xfm. A linguagem dos locutores, a música, toda a atmosfera da emissora era diferente, misteriosa, cativante.

E porque, no ano anterior, eu tinha sido arrebatado pelo mítico álbum de estreia de Bjork (Debut), havia algo na (estranha) linguagem da X que eu conseguia descodificar. E à medida que descodificava, mais me sentia atraído por aquele universo. Nesse universo, havia uma galáxia de sons, DJs, produtores e editoras que faziam nascer um estilo musical incontornável.
.

Read more...

Track 1: Intro

Perdoem-me aqueles que criaram este título, há largos anos atrás. Mas tinha que ser. Há palavras, nomes, expressões que nos despertam emoções e memórias.

Casa, Bateria e Baixo era o título do meu programa favorito de rádio, nos tempos idos da Voxx. Era o mergulho de final de tarde, no universo de alguns dos meus estilos musicais de eleição: o house e o drum'n'bass, o trip hop e a electronica. Ali, sentia-me em Casa.

Este blog é uma dedicatória pessoal a uma das minhas maiores paixões: a Música. E como gosto de escrever, pretendo aqui traçar um mapa pessoal de impressões e opiniões sobre o que vou ouvindo.

E porque muitas - e diferentes - baterias e baixos costumam ecoar aqui por casa, os objectos de escrita serão tão diversos quanto os autores / álbuns que vou revisitando / descobrindo.

De Joy Division a Madonna, dos Heróis do Mar a Gainsbourg... aqui há espaço para todos eles.
.

Read more...

  © Blogger template On The Road by Ourblogtemplates.com 2009

Back to TOP