O meu eleito de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Mesmo não tendo ouvido tudo o que se produziu este ano, não resisto a prestar a minha homenagem a um autor cujo álbum, lançado em Outubro de 2010, me ofereceu os momentos mais sublimes e elevados, em todos os que vivi com as colunas de som ligadas, nos últimos 364 dias.
Esse autor é Sufjan Stevens e o álbum é o magnífico The Age of Adz.
O meu eleito de 2010.
Educação musical
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
O Domingo passado não foi excepção. E tiro-lhe o chapéu, pela coragem que teve. Senão vejamos: na gala em que iam ser apurados os dois concorrentes para a derradeira final, a jovem escolheu uma música que, a julgar pela lógica do programa, seria puro suicídio - o próprio júri corroborou esta ideia. Num programa especialmente vocacionado para a música Pop e para um público maioritariamente juvenil, treinado para a linguagem de uma Rihanna ou de uma Lady Gaga, Sandra Pereira escolheu cantar Shine On You Crazy Diamond, título datado de 1975, dos Pink Floyd.
Não só a actuação foi brilhante (e aqui inclui-se a magnífica prestação da banda), como também foi permitido ao público testemunhar um momento de grande riqueza musical. Mais do que entrar em jogadas estratégicas, a jovem concorrente aproveitou a oportunidade que tinha em mãos para prestar homenagem a uma das bandas mais lendárias de sempre. Trocando por miúdos, o que ali se fez foi pura educação musical.
Tenho a certeza que, algures num lar deste país, depois da gala do passado Domingo, houve pelo menos um(a) jovem que entrou na Wikipedia para saber quem foram esses Pink Floyd e a seguir no Youtube, para ouvir a sua música. Só por isso, a missão terá sido cumprida.
A ousadia compensou e a Sandra passou à grande final. Escusado será dizer que, para mim, já ganhou.
Álbum | "The Dreaming", Kate Bush
The Dreaming
Kate Bush
Setembro 1982
EMI
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Se houve alguém que operou no mundo da indústria musical sem nunca dele ter feito parte, esse alguém é Kate Bush. The Dreaming, de 1982, é o melhor exemplo disso.
Três anos depois de ter atingido o estatuto de primeira mulher britânica a conseguir um nº 1 no seu país, com o imortal Wuthering Heights (em 1978, tinha apenas 19 anos), Kate Bush inaugurava a década de 80 com três álbuns de sucesso no curriculum e o Reino Unido a seus pés.
A sua força criativa parecia imparável: em 1981 entrava novamente em estúdio, para conceber o que viria a ser o quarto álbum de originais. Contudo, ao invés de seguir uma eventual fórmula de sucesso, Kate Bush seguiu o seu próprio impulso artístico e fez o impensável: desviou-se da rota mainstream e abraçou o experimentalismo.
Palco | "Music For The Masses Tour", Depeche Mode
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Ontem, ao fim de cerca de 20 anos, revi um concerto que faz parte das minhas memórias da pré-adolescência. A minha prima era fã dos Depeche Mode (e de todo o movimento que, na época, era designado por Vanguarda) e lembro-me de passar as tardes em casa dela, entre lanches e brincadeiras, a ver este concerto. Foi o meu primeiro grande contacto com a banda. Tinha eu 11 ou 12 anos.
Os anos foram passando - as brincadeiras deram lugar aos estudos, os estudos deram lugar ao trabalho - e o entendimento e admiração pela música dos Depeche Mode foram crescendo e aprofundando. Hoje, são uma das fontes criadoras de Música que mais admiro.
101 foi filmado durante a Music For The Masses Tour, a 18 de Junho de 1988 em Pasadena, nos Estados Unidos. Rever este concerto é regressar a um dos períodos áureos da carreira dos Depeche Mode. Mais do que uma banda, eram embaixadores de um novo movimento cultural. E 101 documenta-o de forma exímia, graças aos planos recorrentes das pessoas na plateia. O público dos Depeche levava as coisas a sério e isso vê-se nas roupas que usavam, na forma como dançavam e sentiam a música, na entrega - um dos momentos que mais me ficaram na memória foi o da rapariga em Blasphemous Rumours.
E claro, a energia de Dave Gahan. Sem palavras. Façam-me o favor de não mencionar apenas os nomes de Freddie Mercury ou Mick Jagger, quando se fala dos grandes "animais de palco".