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Sufjan Stevens 2010

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010








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O meu eleito de 2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


Em tempo de fim de ano, são inevitáveis os balanços, as reflexões e meditações sobre o que os últimos 12 meses trouxeram às nossas vidas. E para quem a Música é como o ar que se respira, é também inevitável pensar no que de melhor se fez em 2010.

Mesmo não tendo ouvido tudo o que se produziu este ano, não resisto a prestar a minha homenagem a um autor cujo álbum, lançado em Outubro de 2010, me ofereceu os momentos mais sublimes e elevados, em todos os que vivi com as colunas de som ligadas, nos últimos 364 dias.

Esse autor é Sufjan Stevens e o álbum é o magnífico The Age of Adz.
O meu eleito de 2010.



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Educação musical

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Tenho seguido a actual edição do programa Ídolos (da SIC), em grande parte devido à presença de uma concorrente que, desde a 1ª gala, tem sido responsável por momentos verdadeiramente arrepiantes - no bom sentido. Chama-se Sandra Pereira e tem 24 anos.

O Domingo passado não foi excepção. E tiro-lhe o chapéu, pela coragem que teve. Senão vejamos: na gala em que iam ser apurados os dois concorrentes para a derradeira final, a jovem escolheu uma música que, a julgar pela lógica do programa, seria puro suicídio - o próprio júri corroborou esta ideia. Num programa especialmente vocacionado para a música Pop e para um público maioritariamente juvenil, treinado para a linguagem de uma Rihanna ou de uma Lady Gaga, Sandra Pereira escolheu cantar Shine On You Crazy Diamond, título datado de 1975, dos Pink Floyd.

Não só a actuação foi brilhante (e aqui inclui-se a magnífica prestação da banda), como também foi permitido ao público testemunhar um momento de grande riqueza musical. Mais do que entrar em jogadas estratégicas, a jovem concorrente aproveitou a oportunidade que tinha em mãos para prestar homenagem a uma das bandas mais lendárias de sempre. Trocando por miúdos, o que ali se fez foi pura educação musical.

Tenho a certeza que, algures num lar deste país, depois da gala do passado Domingo, houve pelo menos um(a) jovem que entrou na Wikipedia para saber quem foram esses Pink Floyd e a seguir no Youtube, para ouvir a sua música. Só por isso, a missão terá sido cumprida.

A ousadia compensou e a Sandra passou à grande final. Escusado será dizer que, para mim, já ganhou.





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Álbum | "The Dreaming", Kate Bush

The Dreaming
Kate Bush
Setembro 1982
EMI
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Se houve alguém que operou no mundo da indústria musical sem nunca dele ter feito parte, esse alguém é Kate Bush. The Dreaming, de 1982, é o melhor exemplo disso.

Três anos depois de ter atingido o estatuto de primeira mulher britânica a conseguir um nº 1 no seu país, com o imortal Wuthering Heights (em 1978, tinha apenas 19 anos), Kate Bush inaugurava a década de 80 com três álbuns de sucesso no curriculum e o Reino Unido a seus pés.

A sua força criativa parecia imparável: em 1981 entrava novamente em estúdio, para conceber o que viria a ser o quarto álbum de originais. Contudo, ao invés de seguir uma eventual fórmula de sucesso, Kate Bush seguiu o seu próprio impulso artístico e fez o impensável: desviou-se da rota mainstream e abraçou o experimentalismo.




Uma decisão em muito influenciada pelo aparecimento de um instrumento que viria a revolucionar o mundo da música: o Fairlight CMI. Concebido em 1979, este sintetizador marcou o início de uma nova era na produção musical, ao trazer para estúdio uma tecnologia nunca antes experimentada: o sampling.


Assim que [o Fairlight] me foi apresentado, percebi que era algo que eu procurava há muito tempo. A possibilidade de extrair um sample de qualquer som à nossa escolha e criar música a partir daí... era algo com que muitos artistas sonhavam, na realidade. Decidi, de imediato, utilizá-lo no álbum. (Kate Bush, 1985)





Sabe-se que Kate Bush foi uma das primeiras pessoas a adquirir o Fairlight CMI, assim como Peter Gabriel, Herbie Hancock, Nick Rhodes e Stevie Wonder (para nomear os mais conhecidos). Os mesmos registos declaram The Dreaming como o primeiro álbum de lançamento comercial a incorporar esta nova tecnologia.


"Sem limites" é, efectivamente, o mote para o som que se pode ouvir neste trabalho. Aqui, somos levados a uma nova dimensão do universo de Kate Bush, mais obscura e visceral.


Fica para trás o registo ópera-rock dos álbuns anteriores, os lugares oníricos até então visitados, a voz doce e inebriante, a canção de formato clássico. Em The Dreaming, a autora quebra as suas próprias barreiras e mergulha num mundo sinistro, por vezes bizarro e caótico, muitas vezes perturbador e disruptivo, outras vezes surpreendentemente belo.




O som é luxuriante, profundamente intrigante e exímio na forma de ilustrar os novos lugares aqui explorados. Tal como a voz: mais gutural e agressiva, como que num êxtase xamânico. Mais dramática e teatral que nunca.


The Dreaming saiu para a rua em 1982, rodeado de grande expectativa. Mas mostrou-se demasiado ousado para ser entendido. A crítica e o público dividiram-se, uns deixando-se cativar, outros achando que era demasiado. Kate Bush gone mad, dizia-se na altura. E o álbum ficaria para a posteridade como o mais mal-amado da sua carreira.




Foi o primeiro trabalho em que a autora, então com 23 anos de idade, assumiu total controle na produção. E talvez por isso mesmo, foi um salto sem rede. Para mim, The Dreaming é um acto de coragem, um manifesto de total liberdade criativa e artística... e um dos melhores álbuns de Kate Bush.


Vale a pena ver e ouvir. Até lá, senhoras e senhores... The Dreaming.





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Palco | "Music For The Masses Tour", Depeche Mode

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ontem, ao fim de cerca de 20 anos, revi um concerto que faz parte das minhas memórias da pré-adolescência. A minha prima era fã dos Depeche Mode (e de todo o movimento que, na época, era designado por Vanguarda) e lembro-me de passar as tardes em casa dela, entre lanches e brincadeiras, a ver este concerto. Foi o meu primeiro grande contacto com a banda. Tinha eu 11 ou 12 anos.

Os anos foram passando - as brincadeiras deram lugar aos estudos, os estudos deram lugar ao trabalho - e o entendimento e admiração pela música dos Depeche Mode foram crescendo e aprofundando. Hoje, são uma das fontes criadoras de Música que mais admiro.


101 foi filmado durante a Music For The Masses Tour, a 18 de Junho de 1988 em Pasadena, nos Estados Unidos. Rever este concerto é regressar a um dos períodos áureos da carreira dos Depeche Mode. Mais do que uma banda, eram embaixadores de um novo movimento cultural. E 101 documenta-o de forma exímia, graças aos planos recorrentes das pessoas na plateia. O público dos Depeche levava as coisas a sério e isso vê-se nas roupas que usavam, na forma como dançavam e sentiam a música, na entrega - um dos momentos que mais me ficaram na memória foi o da rapariga em Blasphemous Rumours.

E claro, a energia de Dave Gahan. Sem palavras. Façam-me o favor de não mencionar apenas os nomes de Freddie Mercury ou Mick Jagger, quando se fala dos grandes "animais de palco".



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