Sufjan há 1 mês. Parte I: "Conheces isto?"
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Dedicado ao N.
Corria o ano de 2007 quando alguém muito especial, entre os "alguém" mais especiais na minha vida, me perguntava no messenger: "Conheces isto?". Nos dois ficheiros mp3 que o N me enviava logo de seguida, liam-se os estranhos títulos John Wayne Gacy, Jr. e Concerning The UFO Sighting Near Highland, Illinois. Mais estranho ainda, era o nome do intérprete: um tal de Sufjan Stevens. Fiquei intrigado. Quando carreguei no play, foi amor à primeira vista: a voz e as melodias eram qualquer coisa de diferente, ao mesmo tempo familiar, mas dolorosamente belo.
Fui atrás da curiosidade e ouvi Illinios, o álbum, de fio a pavio. Num total impressionante de 26 faixas, fui conduzido por uma rara experiência sonora, que combinava folk, indie, música orquestral, pop barroco e sei lá mais o quê. Ali, tive a certeza: estava perante uma verdadeira obra-prima. Um épico. Logo Illinois passava a fazer parte da minha lista dos "melhores".
Três anos passaram, entretanto. Em 2010, voltei a ouvir o nome de Sufjan na Radar, por ocasião daquele que era tido como "o grande regresso". O título do novo álbum ressoou de uma forma especial, sem eu perceber bem porquê: The Age of Adz. Parecia conter algo de majestoso. Quando finalmente ouvi The Age of Adz, perdoem-me os puristas, pois vou ter que dizê-lo em inglês: I was totally blown away. Senti-me arrebatado.
Sufjan recuperava a aura épica de Illinois, para agora transportá-la a um outro nível, de uma forma que só Medúlla, de Bjork, tinha conseguido (na minha percepção, claro). A música - como se fosse possível - era ainda mais sublime, mais grandiosa. Tanto na imponência das orquestrações como nos momentos de assombrosa quietude, Sufjan juntava-lhe uma componente electrónica que era, no mínimo, impressionante - tal como Medúlla - pelo carácter visceral, orgânico, confessional, profundamente honesto. O contador de histórias / trovador moderno transformava-se agora em profeta do apocalipse, arauto da catarse maior. Cada faixa deste álbum arrancava-me arrepios prolongados - ainda hoje o faz, depois de tantas audições. Era a prova oficial: The Age Of Adz convertia-se num dos discos da minha vida; Sufjan ascendia a deus no meu Olimpo musical.
Não admira, pois, que na manhã de 23 de Fevereiro, quando ouvi a Radar anunciar a sua vinda para um concerto no Coliseu de Lisboa, o meu sistema tivesse reagido numa fracção de segundos: como que em estado de hipnose, dirigi-me à Fnac para comprar o bilhete. O passo era acelerado, o corpo parecia puxado por uma força magnética. Enquanto esperava pela minha vez na bilheteira, não conseguia disfarçar um enorme sorriso. Tudo isto não era mais que uma premonição: naquela manhã, eu estava a firmar o acesso a uma das experiências mais marcantes na minha vida como espectador de concertos.
2 comentários:
A tua primeira música de Sufjan é a minha preferida :)
Que bom! Para além da beleza quase irreal, tem um significado eterno para mim :)
Beijos à Pat!
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