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A história do Rock em Portugal, oferecida de bandeja...

sexta-feira, 17 de junho de 2011


Bendito aquele micro-segundo em que, na manhã de 3ª feira, o meu olhar foi atraído por um cartaz que estava pendurado à porta do local de trabalho. Quando li o título, deixei sair um "Eh lá! O que é isto??":

GHOST apresenta Groovie Records, História do Rock'n Roll em Portugal (1958-1981).

Rezei para que não fosse um daqueles cartazes que ali ficam uma eternidade, meses depois do acontecimento anunciado. Suspirei de alívio (a data: 17 a 25 de Junho) e jurei não perder aquilo, fosse lá o que fosse. Um filme? A apresentação de um livro? Uma conferência?

Entrei em http://www.ghost.pt/ e o meu ritmo cardíaco até acelerou, quando percebi que é muito mais que isso: a convite do projecto GHOST (organizado pelo Atelier Real), a editora independente Groovie Records vai ocupar o espaço na Rua Poço dos Negros, para uma residência de 9 dias. O que ali vai acontecer tem um valor incalculável: a partilha de um extenso trabalho de pesquisa sobre as origens do Rock português - um assunto sobre o qual pouco ou nada se sabe, o que é lamentável, pois estamos a falar de um pedaço da nossa história, não só cultural como sócio-política.

Ora vamos lá puxar pela cabeça: que músicas, bandas ou intérpretes do Portugal pré-anos 70 conhecemos nós, para além dos Sheiks ou outros nomes saídos da boca dos nossos pais (mas que, para nós, não passam de meras abstracções)? Que documentários já vimos ou livros e artigos de imprensa já lemos sobre esta matéria? Conhecem mais alguma coisa produzida no Portugal dos anos 60, para além das músicas que venceram o Festival RTP da Canção ou dos Óculos de Sol da Natércia Barreto? E conseguem, com isso, traçar um continuum - coerente e devidamente encadeado - da evolução da nossa música?

Se a resposta a todas estas perguntas é "sim", parabéns, pois das duas uma: ou são investigadores, ou são aves raras.

Como não sou nem uma coisa nem outra, prevejo aqui um grande acontecimento. Se não, vejamos o que diz a sinopse do projecto, que arranca já esta noite:

«Os anos de trabalho editorial, que alinharam uma série de bandas de rock internacionais num catálogo criterioso e pessoal, correspondem também ao tempo de uma pesquisa que juntou um acervo de peças documentais e empíricas em torno das origens do Rock português - no final dos anos 50 - em pleno Portugal do Império Colonial.
A programação da residência reflecte e desdobra o resultado desta pesquisa histórica e social, num formato permeável ao público, mas sobretudo atento às novas contribuições e actualizações das questões políticas que envolvem a produção de memória e cultura musical.
O acesso e a partilha aberta da música, a festa, os filmes de arquivo, as entrevistas inéditas e as capas de discos, mas também o contacto directo com alguns dos protagonistas resistentes — músicos e outros investigadores — vão ajudar a situar e a dar corpo à experiência desta residência.»

Ainda por cima, não temos que pagar um tostão por isto. Que mais se pode pedir?

Não admira que até o metabolismo tivesse acelerado, nos momentos que se seguiram ao incidente do cartaz. É que estamos "só" a falar da nossa identidade...

2 comentários:

Nimur 17 de junho de 2011 às 12:49  

Boas notícias! Bem fixe este teu blog Rui! Tou a ver que tens andado mesmo ocupado! Também eu tenho saudades da X-Fm e dos muitos bons programas que pairam nas ondas hertzianas! Fico à espera de mais notícias sobre os inícios do rock português... tás de serviço!

Rui Clemente 17 de junho de 2011 às 12:59  

:D
Que bom saber que gostas! Ando mesmo com a corda toda e tudo indica que não vai parar ;)

Também fazes parte da Imensa Minoria? Não sabia, que espectáculo! Ai as saudades...

Hoje lá estarei, com os 5 sentidos bem abertos, assim como nos restantes dias (sempre que o trabalho o permitir, claro). Será tudo relatado, tintin por tintin, ah pois! :))

Beijos e abraços!

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