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Medúlla (Björk, 2004)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011


É uma das memórias musicais mais fortes da minha vida em Londres - associo este álbum ao frio da cidade e à procura de um espaço interior para a catarse. Hoje, é um dos meus álbuns favoritos de sempre. Peguei nele para um exercício de crítica, no âmbito do curso que estou a tirar. Aqui vai:

Um dos nomes mais inventivos e versáteis no mainstream pós-90, ela já foi house e techno, punk e rock alternativo, jazz e electrónica, folk e até música de câmara.

A meio do percurso, Björk deixou que o impulso experimentalista a levasse ainda mais longe: despiu-se de géneros, abdicou de intrumentos e maquinarias e fez da voz a matéria-prima, para criar um dos álbuns mais desafiadores e sublimes da sua carreira. Editado em 2004, Medúlla é mais que um conjunto de canções a cappella; é um exercício fascinante de construções sonoras, feitas a partir do instrumento supremo.

O ponto de partida terá sido o antecessor Vespertine (2001), que marcou a viragem para um estado menos expansivo e dançável, mais introspectivo e orgânico. Medúlla representa o culminar dessa rota, o encontro com a matéria primordial, com "um espírito antigo, um espírito que sobrevive". É um álbum sombrio (tenebroso até, em Where Is The Line) e visceral (surpreendem, os sons guturais e quase animalescos de Ancestors), mas também político (I need a shelter to build an altar away / From all Osamas and Bushes, canta ela em "Mouth's Cradle"), profundamente poético (Oceania, um dos momentos mais altos) e celebratório (o tom final, em Triumph of a Heart).

Produzido por Björk e Mark Bell, Medúlla conta com os intrumentos vocais de Mark Patton e Robert Wyatt, o beatboxing de Rahzel, Shlomo e Dokaka, os arranjos corais do The Icelandic Choir e os cânticos guturais inuítes de Tanya Tagaq. Várias camadas que se cruzam e são ancoradas pela voz, em si mesma tão peculiar, de Björk Gudmundsdóttir.

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