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O (Meu) Melhor de 2011: 3º Lugar

sábado, 31 de dezembro de 2011


Arabian Horse, GusGus

Estou-me nas tintas se foi ignorado nas listas dos "Melhores de 2011". Talvez porque a música de dança continue a ser assunto para minorias especializadas, à margem de uma maioria (demasiado) entregue ao feitiço do "indie" e do "alternativo".

Pois com as guitarras e os revivalismos que protagonizaram o capítulo 11 do novo milénio, houve casos muito especiais a acontecer em paralelo. Um deles foi o regresso dos GusGus, conterrâneos de Björk e veteranos na cena house/electrónica.

Respeitados como "parceiros no crime" que originou a explosão do trip hop, nos meados de 90 (assinaram o emblemático Polydistortion, em 1997), os GusGus foram direccionando o seu leme, nos anos que se seguiram, para uma techno mais aguçada, dir-se-ia mesmo difícil - quantos antigos fãs não terão pensado "pronto, perderam-se...".

Pareciam estar votados ao esquecimento, quando em Maio de 2011 aconteceu o inesperado. Com um título sedutor e uma capa de execução invejável, o oitavo álbum de estúdio do colectivo parecia anunciar que, desta vez, o caso era sério. Gravado numa cottage perdida na beleza silenciosa das paisagens islandesas, Arabian Horse assinala um verdadeiro salto quântico na carreira dos GusGus: embora seguindo a linha tech-house dos últimos trabalhos, atinge um grau de maturidade e coerência sem precedentes, no seu percurso de 15 anos.

Aqui, o pulsar da dança e as atmosferas electrónicas convivem com uma qualidade lírica surpreendente, ampliada pelas performances carismáticas de Urður Hákonardóttir, Högni Elisson e David Thor Jonsson, em texturas vocais que invocam as frequências da soul e da pop.

São partes que, somadas entre si, revelam alguns dos momentos mais arrebatadores e épicos que o (agora) quinteto islandês já conseguiu. Pelo galope do caválo árabe, somos levados numa travessia pelo deserto (quem sabe, o tal limbo em que os GusGus se encontravam) e atingidos por uma tempestade de intensa criatividade e sofisticação.

Uma das mais marcantes de 2011. Sem guitarras nem revivalismos.

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